História
Cabe aqui recorrer a dois conceitos da fenomenologia husserliana, noesis
e noema, característica da geografia humanista, onde a primeira denota a ideia
e a significação fulcral de determinado objeto e a segunda às diversas
interpretações e vivências psico-sensoriais, muito embora, a História que
embasa o espetáculo é determinante na emoção coletiva, no compartilhamento do luto,
da tristeza e do sentimento de compaixão ao mártir Hussein.
Recuperar os significados codificados na paisagem é condição sine qua
non, conforme afirma Cosgrove (2012, p.220) para a interpretação das
práticas sociais e, principalmente, reler os códigos na paisagem de Karbala, nos fornece toda uma cosmovisão que permite compreender a lógica do ritual de Ashura.
práticas sociais e, principalmente, reler os códigos na paisagem de Karbala, nos fornece toda uma cosmovisão que permite compreender a lógica do ritual de Ashura.
O movimento Husseinita teve sua história inicializada na cidade de Medinah,
Arábia Saudita, quando os agentes do governo da época quiseram impor que Imam
Hussein desse seu voto de fidelidade para o governador despótico Yazid ibn
Mu’awiyah, e ele recusando o pedido segue seu caminho para Meca e depois
Karbala, palco da Tragédia. O luto derivado da morte do Imam é baseado na
representação de um binômio que se contrapõe e expressa dois juízos de valor
eternos: bondade/maldade ou tirania/liberdade. É uma revolução de ordem
espiritual que se refere diretamente à identidade islâmica, principalmente nos
ambientes em que estes podem ser hostilizados. Imam Hussein apesar da
perseguição por propor um modo de vida islâmico publicamente e de representar a
minoria da população, preocupou por seu carisma e capacidade de coesão. Carisma
é, inclusive, característica intrínseca dos marjas10representante dos shiaas até
hoje. Como Hussein, não abriu mão dos princípios islâmicos e permaneceu firme
negando seu voto de fidelidade, acabou fomentando a perseguição à família
profética. Tal ação emblemática representa a luta eterna do ego, das
facilidades, da tirania contra a valorização do din11, e consequentemente do
Quran.
Khazraji (2008) ressalta que a Revolução do Imam Hussein, foi
abrangente, não tendo nenhuma limitação em termos de tempo e espaço, e
exatamente essa plasticidade espaço-temporal que permite a sensação profunda de
luto e a lembrança anual do martírio do Imam como se nas terras paulistanas
fosse a sofrida e sagrada Terra de Karbala. Logo, ela pode ser transportada
para qualquer espaço e ser revivida com a mesma intensidade do que um muçulmano
em solo iraquiano. Pois a Tragédia é um protótipo eterno e imutável aplicável a
qualquer espaço onde se dê uma luta entre o bem e o mal ou entre a verdade
contra a opressão.
Crença e ritual
Os muçulmanos acreditam no Alcorão, um livro sagrado que, para eles,
guarda a palavra de Deus. Eles creem que ele é, literalmente, a “palavra de
Alá”, por isso eles seguem esse livro e todas suas regras, até mesmo as mais
absurdas.
Assim como as outras grandes religiões do mundo, o islamismo também
possui suas subdivisões. Dentro desse sistema de crença existem os sunitas e o
xiitas. Essas duas seitas, por sua vez, se dividem em grupos menores. Como
paralelo podemos citar os católicos e os evangélicos, cada um sendo um grupo
com diversos segmentos menores dentro.
Os xiitas são conhecidos por serem altamente fiéis as escrituras e as
suas crenças, por isso, muitas vezes, são chamados de radicais. O calendário islâmico é totalmente diferente
do nosso, por isso, eles comemoram o ano novo em outra data. Dez dias depois da
virada, é o dia de Ashura, também conhecido como o dia de Muharram. Nessa data,
eles comemoram a libertação dos judeus da escravidão no Egito, pelas mãos de
Moisés e também louvam o sacrifício de Husayn ibn Ali, neto de Maomé (o grande
profeta dessa religião).
Para relembrar o sacrifício de Husayn, que morreu em batalha com sua
família e alguns “chegados”, o que incluía mulheres e crianças, o povo
sacrifica seu próprio corpo em celebração. Os xiitas saem a rua, munidos de
chicotes com pontas de aço ou espadas, e batem em seu próprio corpo até
sangrar. O mais estranho de tudo isso é que as crianças também participam desse
ritual.
Segue abaixo algumas fotos e alguns vídeos:
Fotos:
Vídeos do ritual:VÍDEOS EXTREMAMENTE FORTES. APENAS PROSSIGA SE NÃO SE IMPRESSIONAR FACILMENTE, OU NÃO TIVER PROBLEMAS CARDÍACOS E PSICOLÓGICOS.
Segue lá no face:LuminatiLoti
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